Pugilista Abner Teixeira, natural de Osasco e integrante da Liga Sorocabana de Boxe, é atleta militar e também recebe as bolsas Atleta e Pódio devido ao seu alto rendimento no esporte — Foto: Stoyan Nenov / Reuters
Do total de 110 atletas de São Paulo, 85 recebem um ou mais desses auxílios, sendo 50 aqueles que recebem a Bolsa Pódio, 40, a Bolsa Atleta, e 43 que fazem parte do PAAR.
Em todos os casos, para que o atleta receba incentivo no Brasil, ele depende de resultados positivos em campeonatos e precisa manter a performance para continuar a receber apoio.
“A questão é: quem deu apoio no começo? Então, não é que não tem apoio ao esporte no Brasil, mas não há uma política, já que o investimento é em atletas, e não na sociedade”, opinou o prof. dr. Ary José Rocco Jr., da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP).
Critérios
A Bolsa Pódio ajuda com valores de R$ 5 mil a R$ 15 mil mensais os atletas que já estão entre os melhores do mundo – entre os 20 primeiros do ranking mundial de sua modalidade ou prova específica.
A Bolsa Atleta tem várias faixas de auxílio, sendo o valor máximo de R$ 3.100 mensais para os atletas olímpicos e R$ 370 por mês para as categorias de base, mas mesmo para o benefício mínimo é necessário já ser um atleta federado, ter participado de competições e já ter conseguido no mínimo a terceira colocação em alguma prova.
Já aqueles contratados pelas Forças Armadas contam com a boa infraestrutura das instalações militares, assistência médica, pagamento equivalente ao de um 3º sargento, que é de aproximadamente R$ 4.500, férias e 13º salário.
“Eu acho que, no fundo, o Brasil ainda não decidiu qual vai ser o papel do esporte por aqui. Nos EUA eles têm o modelo deles, atrelado às universidades. Na Dinamarca, o esporte opera mais pela qualidade de vida, com instalações esportivas para todos. Na China, o investimento pesado é uma forma de se posicionar no cenário geopolítico. Aqui, falta uma política para a massificação do esporte, que poderia acontecer do ponto de vista social ou educacional, talvez para população vulnerável, ao mesmo tempo em que se destacariam atletas como consequência do investimento”, disse o prof. dr. Ary José Rocco Jr..
Andressinha, camisa 17, joga pelo Corinthians, em São Paulo, e conseguiu a Bolsa Atleta pelo alto rendimento que possui — Foto: Kohei Chibagara/AFP
Outras iniciativas
Na visão do professor, a lei Abner/Piva, de 2001, possui potencial para compor uma política pública, mas ainda não é implementada como poderia por estar novamente atrelada ao desempenho dos atletas federados e também pela má gestão de algumas confederações.
Essa legislação prevê que um percentual da arrecadação das loterias federais seja destinado ao COB e repassado às confederações para investimento contínuo nas modalidades, no financiamento dos atletas e em centros públicos bem equipados com tecnologia e equipe disciplinar.
Existe também as leis de incentivo em níveis federal e estadual, que funcionam no momento da renúncia fiscal às entidades que utilizam o esporte do ponto de vista social e educacional. Com elas, as associações conseguem oferecer o desconto do ICMS e tributos federais às empresas que se interessem em patrocinar o projeto.