Foto: Divulgação/Polícia Civil
A
Associação de Delegados de Polícia Civil do Rio Grande do Norte
(Adepol) está cobrando um posicionamento do Governo do Estado sobre o
concurso da Polícia Civil, que foi suspenso em face do agravamento da
pandemia do novo coronavírus no Estado.
A Adepol também vem
alertando sobre o processo contínuo de defasagem do efetivo da
instituição. Em todos os comunicados, delegados vêm trazendo a proporção
da quantidade de policiais na ativa, considerado o “efetivo ideal” e
este índice tem sido cada vez menor. “Para se ter ideia da gravidade da
situação, agora em maio deste ano, com as últimas aposentadorias,
exonerações e mortes, a polícia investigativa do RN alcançou a marca de
25,26% da quantidade mínima de policiais para oferecer um bom serviço à
população”, destaca a associação.
Segundo a Adepol, o dado do
“efetivo ideal” foi criado em 2004, ou seja, nestes 17 anos, o número
adequado de policiais civis no RN deve ser bem maior. Partindo para os
números reais, de acordo com o estatuto que regulamenta a profissão, o
RN deveria ter 5.150 homens e mulheres nas delegacias e departamentos,
mas atualmente esse número é de 1.301 policiais civis, entre delegados,
escrivães e agentes. “A Polícia Civil está simplesmente para colapsar. O
bom serviço que ainda conseguimos entregar é fruto da abnegação e
sacrifício dos nossos policiais, mas não dá para entregar um serviço que
a população precisa e merece com esse efetivo ínfimo”, disse a
presidente da Adepol, Taís Aires.
Segundo a presidente, a situação
é ainda mais grave se for levada em conta a quantidade de policiais
civis que já estão aptos a se aposentar – 142, precisamente -, o que
deve aumentar ainda mais o déficit. “Enquanto isso, o crime organizado
arregimenta soldados todos os dias, cada vez mais jovens, com armamentos
cada vez mais pesados. É um combate desigual e desumano. Tentamos fazer
nosso trabalho bem feito, mas está ficando cada vez mais complicado”,
disse a delegada Tais.
O último concurso da Polícia Civil teve
edital lançado em 2008, ou seja, há treze anos. Desde 2015 o último
processo foi aberto para a aplicação de novas provas. Após muita
postergação, um novo concurso foi criado e as provas, marcadas para os
dias 7 e 14 de março deste ano. No final de fevereiro elas foram
suspensas, por causa da pandemia.
Na semana passada, a Adepol
enviou um ofício à Secretaria de Saúde do Estado pedindo que o comité
científico se reúna e se debruce sobre a questão. “O que nós queremos é
que uma nova data seja discutida. Sei que o problema da pandemia é
grave, mas não podemos deixar a PC acabar”, concluiu a presidente Taís.
O
certame atualmente paralisado deverá ser realizado em cinco longas
etapas, o que aumenta a sensação de tempo urgente. Significa dizer que,
caso as provas ocorressem hoje, os novos policiais estariam prontos para
atuar daqui a um ano, aproximadamente.