Você
tem ideia a quantidade de sal que consome diariamente? Segundo a
Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS/IBGE), o consumo de sal do
brasileiro excede em quase duas vezes o limite máximo recomendado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), que é cinco gramas por dia. A média
nacional é de 9,3 gramas. Apesar disso, apenas 12% dos brasileiros
adultos tem a consciência da alta ingestão de sal na alimentação diária.
A falta de consciência é um perigo para a saúde! O consumo excessivo
do sal está relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas, como
hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças renais, entre
outras. Doenças silenciosas que podem matar de forma precoce.
“O sal é o principal fator de risco dietético que existe no mundo,
incluindo Brasil. Ele tem uma associação direta com doenças
cardiovasculares mediadas por hipertensão. E para prevenir esses
problemas é reduzir o consumo de sal, seja na adição de alimentos quando
se prepare, mas também aqueles escondidos nos alimentos processados e
ultrprocessados”, ponderou Eduardo Augusto Fernandes Nilson,
Coordenador-Geral substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da
Saúde.
A hipertensão obriga o coração a exercer um esforço maior do que o
normal para que o sangue seja distribuído corretamente no corpo. A
doença é um dos principais fatores de risco para a ocorrência do
acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência
renal e cardíaca. No Brasil, ela é diagnosticada em cerca de 33 milhões
de brasileiros. Destes, 80% são atendidos na rede pública de saúde.
“O sal é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, e isso
representa muito custo para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para
sociedade, porque pessoas morrem prematuramente, as pessoas adoecem,
deixam de trabalhar e produzir”, revelou Eduardo.
Grande parte do sal consumido pelos brasileiros vem da adição do sal
de cozinha aos alimentos, no preparo e no consumo. Além disso muitos
alimentos industrializados possuem quantidades mais altas de sódio
(componente do sal relacionado ao risco de hipertensão). Itens como
temperos prontos, presuntos, mortadelas, salame, macarrão instantâneo
salgadinhos de pacote colaboram para o aumento da ingestão do mineral.
Segundo ele, quando há uma redução do sal a pessoa nem percebe, por
isso, uma das soluções é diminuir aos poucos e em toda família. “Os
problemas das doenças crônicas relacionadas ao consumo excessivo de sal
vêm da infância, por isso é muito importante ter atenção a isso, porque é
ingrediente importante, mas tem que ser usado com muita moderação”,
relatou o coordenador.
Reduzir a quantidade de sódio consumida diariamente pela população
brasileira é a meta do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos e
melhorará a saúde de toda a população brasileira, de crianças a idosos,
hipertensos e não hipertensos. Como parte deste plano, é importante
reduzir a quantidade de sal que adicionamos aos alimentos e continuar
com o compromisso entre o Ministério da Saúde e a Associação das
Indústrias da Alimentação (Abia), que tem como meta que as indústrias do
setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do
mercado brasileiro até o final de 2020.
“As metas são bianuais e cada vez mais diminui, o que seria o teto, o
limite máximo para o sal, sódio em cada um dos produtos. A ideia é ter
uma continuidade disso, por isso o ministério já começou a agendar novas
reuniões com a Abia para reduzir ainda mais os valores, para ter
maiores benefícios para população”, reforçou Eduardo.
Coordenador-Geral substituto reforça que já foram retiradas quatorze
mil toneladas de sódio dos produtos “é uma quantidade muito grande, e os
benefícios de um plano começar a ser estudados agora pelo Ministério da
Saúde”, comentou o coordenador.
Substituir o sal por temperos frescos
Os temperos frescos podem ser utilizados em diversas preparações
culinárias agregando sabor e aroma a receitas. Uma das dicas do Guia
Alimentar para a População Brasileira para reduzir a quantidade de óleo e
sal no preparo do feijão, por exemplo, é evitar o uso de carnes
salgadas no cozimento e optar por quantidades generosas de cebola, alho,
louro, salsinha, cebolinha, pimenta, coentro e outros temperos
naturais, bem como outros alimentos, como cenoura e vagem, que
acrescentam sabor, aroma e mais nutrientes à preparação.
Ervas frescas ou secas, assim como pimenta, gergelim e outros,
agregam sabor às preparações e também ajudam na redução do uso do sal.
Em saladas, o uso do limão reduz a necessidade de adição de sal e óleo.
Outras combinações podem ser feitas, como o louro em sopas, alecrim em
carnes, salsa na macarronada, manjericão no molho de tomate e tomilho na
batata.
O coordenador deu algumas dicas para que a pessoa fique atenta ao
consumo. “Uma regra muito fácil de compreender saber se um alimento tem
excesso de sal, é olhar na tabela nutricional a quantidade de sódio e a
quantidade de calorias. Se a quantidade de sódio for maior do que a de
calorias, excesso de sal”, alertou Eduardo.
Por Luíza Tiné