Randolfe Rodrigues, vice presidente da CPI; Omar Aziz, presidente; e Renan Calheiros, relator/ Foto: Agência Senado
A discussão sobre a convocação de prefeitos e governadores na CPI da Covid provocou o primeiro racha no grupo de independentes e oposicionistas, apelidado de ‘G7’.
O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), decidiu atender nesta quarta-feira ao pleito dos governistas para que os Estados também sejam investigados, como consta no escopo do colegiado. A convocação do governador do Amazonas, Wilson Lima, aliado de Aziz e um dos principais alvos da investigação, era considerada inevitável, mas agora ele não será o único.
De acordo com fontes ouvidas pelo Globo, o presidente da CPI era inicialmente resistente à ideia de convocar governadores, por alegar que iria desviar o foco do governo federal. Na segunda-feira, no entanto, surpreendeu aliados ao anunciar que já havia decidido convocar nove deles de uma só vez. Na ocasião, o presidente da comissão indicou estar sendo pressionado a tomar a atitude logo, apesar da resistência do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Aziz é visto pelos pares como o “fiel da balança” na CPI. Além de comandar o colegiado, ele é crucial para garantir uma maioria confortável ao G7 nas votações. Sem o parlamentar amazonense, o grupo ficaria com seis votos a cinco, uma vantagem mais apertada.
Na manhã de quarta-feira, o presidente também surpreendeu os oposicionistas ao decidir convocar uma sessão secreta da CPI para discutir requerimentos. Ele atendeu a um pedido feito pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), minutos antes do início da sessão. Normalmente, este tipo de encontro é usado apenas para a oitiva de testemunhas ou debate de documentos com caráter sigiloso.
Os aliados do Planalto saíram em vantagem, além de terem conseguido incluir os governadores, como queriam,
As divergências entre a oposição ficaram evidentes durante a sessão de quarta-feira. Quando Omar Aziz anunciou convocação do governador do Pará, Helder Barbalho, Humberto Costa (PT-CE), Renan Calheiros (MDB-AL), e Eduardo Braga (MDB-AM) manifestaram votos contrários, o que irritou Aziz.
— Bem, nós fizemos um acordo, então… Isso é o seguinte: isso é falta de respeito para comigo, que fiz um acordo com vocês, com Vossa Excelência, Senador Humberto. Não, nós fizemos um acordo, Senador Humberto. Vossa Excelência, agora, tem que cumprir o acordo aqui, por favor! — disse Aziz, que em seguida seguiu a votação.
— Eu queria aproveitar a oportunidade, já que eu, pelo menos, não fiz acordo com ninguém, tá? Eu não fiz acordo com ninguém, eu tenho uma posição contrária com relação a isso, no entanto me submeto à decisão da maioria; mas eu não fiz acordo. Eu quero guardar o crédito pra fazer um acordo mais adiante — afirmou Renan Calheiros, na sequência.
Ao todo, foram convocados nove governadores e um ex-governador. O critério para a escolha foram aqueles que comandam Estados alvo de investigações da Polícia Federal durante a pandemia.
O Globo