Operação
Prenda-me se for capaz cumpriu mandados em Natal e Várzea nesta quinta
(10). Investigações apontam que foram abertas mais de 100 contas
bancárias fraudulentas e que golpes devem ultrapassar o valor de R$ 1
milhão
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN)
deflagrou nesta quinta-feira (10) a operação Prenda-me se for capaz, de
combate a crimes de estelionato praticados contra idosos. Na ação, foram
cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão
preventiva nas cidades de Natal e Várzea. O nome da operação é uma
referência a estória de um dos maiores falsificadores e impostores dos
Estados Unidos, que assumia identidades falsas para aplicar seus golpes,
tendo se esquivado das autoridades por vários anos.
A ação é
proveniente de um procedimento investigatório criminal da 16ª Promotoria
de Justiça de Natal e coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), através da Coordenação de
Investigações Especiais (Ciesp), com atuação específica em investigação
cibernética.
As investigações apontam que foram abertas mais de
100 contas bancárias fraudulentas e que os golpes devem ultrapassar o
valor de R$ 1 milhão. A operação contou com a participação de quatro
promotores de Justiça, cinco servidores do MPRN e 28 policiais
militares.
Investigação
Um
idoso que procurou o MPRN informou que havia sido vítima de um prejuízo
de aproximadamente R$ 40 mil, proveniente de empréstimos consignados e
compras com cartões, serviços os quais nunca contratou. A atuação do
Gaeco/MPRN teve início a partir do momento que se percebeu que a fraude
foi toda operacionalizada pela internet, através de aplicativos dos
bancos, provedores de conteúdo e utilizando até as plataformas do
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
As investigações
comprovaram a existência de um grupo articulado, com divisão de tarefas
que iam desde a falsificação de documentos, abertura de contas,
contratação de empréstimos, movimentações financeiras e utilização dos
valores, tudo de forma digital.
As contas bancárias eram abertas
pelos aplicativos dos bancos utilizando a documentação falsa; era o
ponto de partida para a contratação dos empréstimos e outros serviços
financeiros. Com base nisso, o Gaeco/MPRN passou a rastrear e monitorar
os vestígios digitais deixados pelos operadores do esquema, tudo com
autorização judicial. A partir destes vestígios, as análises
demonstraram quais os bancos preferidos pelo grupo, como eram utilizados
os valores e até mesmo a localização exata dos envolvidos.
Com o
decorrer da investigação, totalmente cibernética, foi possível
identificar um homem de 51 anos, que é considerado o líder da
organização, que não tem outro meio de vida senão a prática destes
crimes. Ele foi preso preventivamente. Até o momento, 14 vítimas já
foram identificadas, havendo possibilidade de chegar a mais de 100
vítimas.
“Foi um trabalho de investigação 100%
cibernético, dado o grau de sofisticação e modus operandi deste grupo
que atuava quase que exclusivamente pelas plataformas digitais, no que
esporadicamente compareciam a algum terminal de autoatendimento para
realizar saques. Os rastros digitais deixados foram analisados pelo
Gaeco. Acompanhar a rotina dos operadores destas fraudes foi o maior
desafio, dada a praticidade e mobilidade proporcionadas pelas
ferramentas de tecnologia, no que eles não se estabeleciam por muito
tempo em um local fixo.”, explica Liv Severo, promotora de Justiça que
coordenou as investigações.
Além da prisão deste
homem, foram cumpridos outros três mandados de busca e apreensão, dois
deles contra um empresário do ramo de empréstimo consignado que, ao que
tudo indica, cooptava vítimas e contratava operações financeiras
fraudulentas em prejuízo destes. A empresa promotora de crédito sediada
no centro de Natal também foi alvo das buscas.
As investigações demonstraram a participação de outras pessoas que serão identificadas com a continuidade dos trabalhos.