Foto: SITA
Trecho
mais movimentado da aviação comercial brasileira, a ponte aérea Rio-São
Paulo começou a receber na última terça-feira (15) o embarque de
passageiros por meio de reconhecimento facial. Ou seja, quem embarcar
nesses voos não precisa apresentar passagem aérea nem documento de
identificação. Basta mostrar o rosto (sem máscara).
A
iniciativa, chamada de “Embarque + Seguro”, é um projeto-piloto
capitaneado pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra), com tempo
indeterminado de duração, que está disponível somente nos voos da ponte
aérea operados pela companhia Azul Linhas Aéreas. Apesar do caráter
experimental, os testes com passageiros nos aeroportos Santos Dumont, no
Rio de Janeiro, e em Congonhas, na capital paulista, dão um vislumbre
de como serão as viagens de avião num futuro próximo.
O
equipamento de reconhecimento facial empregado nos terminais aéreos em
São Paulo e no Rio de Janeiro é fornecedido pela Idemia, empresa
multinacional especializada em tecnologias de biometria. O sistema
identifica e valida o embarque dos passageiros ao cruzar informações com
o banco de dados do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro),
que também colabora no projeto.
No
âmbito do programa Embarque + Seguro, iniciado em outubro de 2020, o
embarque por reconhecimento facial já foi testado anteriormente nos
aeroportos de Florianópolis (SC), Salvador (BA), Belo Horizonte/Confins
(MG) e no Santos Dumont (RJ).
Além de
testar a tecnologia em si, a avaliação do sistema na ponte aérea tem
como objetivo analisar evoluções em indicadores como redução no tempo em
filas, no acesso à sala de embarque e à aeronave, além dos custos de
operação. Com os testes, o MInfra e outras partes envolvidas no
programa, incluindo Infraero, companhias aéreas e administração de
aeroportos, esperam aumentar a segurança aeroportuária já que a
biometria facial permite a identificação rápida e precisa dos
passageiros prestes a embarcar.
Como funciona?
Ao
chegar ao aeroporto de Congonhas ou Santos Dumont para realizar o
check-in na ponte aérea, o passageiro da Azul é convidado a participar
do projeto. Após concordar, o viajante recebe uma mensagem no celular
solicitando autorização para a obtenção do número do CPF e uma foto.
Com
autorização do passageiro, o atendente da companhia aérea, utilizando o
aplicativo do Serpro, realiza a validação biométrica da pessoa,
comparando os dados e a foto, tirada na hora, com as informações dos
bancos de dados governamentais. Feito isto, o viajante fica liberado
para ingressar na sala de embarque e na aeronave passando pelos pontos
de controle biométricos sem a necessidade do usuário apresentar
documento e a passagem aérea. Em tempos de pandemia, vale lembrar que o
passageiro deve retirar a máscara do rosto para o sistema efetuar o
reconhecimento.
Segurança de dados
De
acordo com Marcelo Sampaio, secretário-executivo do MInfra, o sistema
de biometria facial em uso na ponte aérea atende todos os requisitos da
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Além de a medida ser segura do
ponto de vista sanitário, ao dispensar o manuseio de papeis durante a
pandemia, garante a proteção total dos dados dos usuários, pois o
Embarque + Seguro 100% Digital atende a todos os preceitos da LGPD.”
Na
visão do diretor da Idemia, os passageiros podem ficar despreocupados
com a obtenção de dados biométricos. “O sistema, chamado MFACE, capta a
biometria facial. Não são fotografias. O programa detecta pontos de
reconhecimento no rosto da pessoa, como a distância entre os olhos ou
entre boca e o nariz, e compara com as informações armazenadas no banco
de dados biométricos. Portanto, mesmo que alguém tenha acesso indevido a
esses dados, não será possível construir a imagem de um rosto.”
CNN