Em meio a manifestações a favor do governo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar a eleição de 2022 caso não haja o voto impresso. A fala do mandatário foi transmitida ao vivo para o ato que acontecia em Brasília. Ao menos 24 estados e o Distrito Federal tiveram manifestações pelo voto impresso neste domingo. Segundo o G1, os atos ocorreram em 25 capitais.
Durante a tarde, em um discurso transmitido para os participantes da manifestação em Brasília, Bolsonaro repetiu a ameaça de que a eleição do próximo ano pode não ser realizada caso a proposta de voto impresso não seja aprovada. Bolsonaro falou por telefone e sua mensagem foi veiculada pelo carro de som que acompanha o protesto na Esplanada dos Ministérios.
— Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição. Nós, mais do que exigimos, juntos, porque vocês são de fato o meu exército, o nosso exército, (vamos) fazer com que a vontade popular seja expressada na contagem pública do votos — disse, acrescentando: — Juntos, nós faremos o que tiver que ser necessário para que haja contagem pública dos votos e tenhamos eleições democráticas no ano que vem.
O presidente disse que o seu “último alerta” será convocar uma manifestação em São Paulo em defesa do voto impresso, mas não deixou claro se estava se referindo ao protesto deste domingo na capital paulista. De acordo com ele, a vontade desse manifestação será cumprida “em Brasília”.
— Se vocês assim desejam, se depois dessa manifestação que está havendo em vários locais do Brasil, algumas autoridades continuarem se mostrando insensíveis, sobra para mim uma última oportunidade. Repito, convocar o povo, convidar o povo de São Paulo, a comparecer à Paulista. E, de acordo com esse efetivo, vocês realmente nos sinalizando como devemos nos comportar, esse desejo de vocês será cumprido aqui em Brasília.
No Twitter, Bolsonaro anunciou que além de Brasília falou por telefone para manifestantes em Belo Horizonte e no Rio. “Pela contagem pública dos votos e possibilidade real de sua auditoria”, escreveu o presidente.
Bolsonaro também criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, dizendo que eles ele é contra a transparência nas eleições.
— A maioria da Câmara, pelo que eu sei, é favorável ao voto impresso. É uma minoria que foi agora escolhida por líderes depois de uma reunião com o Barroso. Um ministro que deveria ser o primeiro a estar do lado da transparência das eleições, está exatamente do outro lado — afirmou, enquanto os manifestantes vaiavam Barroso.
Bolsonaro vem questionando, sem provas, a lisura do processo eleitoral brasileiro. O presidente e seus aliados alegam que voto atualmente não é auditável e pode ser alvo de fraudes. No entanto, desde a implementação da urna eletrônica, não há provas de fraudes nas eleições brasileiras. Tais declarações também são rebatidas por especialistas eleitorais ouvidos pelo GLOBO. Quando o eleitor dá seu voto na urna eletrônica, ele passa por uma certificação digital em um sistema avaliado publicamente antes mesmo da votação.