O ex-ministro e ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (MDB) discursou na noite deste domingo (19) ao lado da governadora Fátima Bezerra (PT) em Angicos, na região Central do Rio Grande do Norte. No momento em que MDB e PT se reaproximam de olho na eleição de 2022, o ex-ministro subiu no mesmo palanque da governadora e fez críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Henrique Alves e Fátima Bezerra dividiram o mesmo palanque em um ato para celebrar o centenário de Paulo Freire, considerado o patrono da educação brasileira. No evento, o Governo do Estado inaugurou um monumento para homenagear o projeto “40 horas de Angicos”. Com a proposta, Paulo Freire alfabetizou no local 300 adultos, entre homens e mulheres do campo, há 58 anos.
O ex-ministro disse ter sido convidado para o evento por Daniel Pereira, proprietário da área onde foi erguida a obra do escultor Guaraci Gabriel, que mede 12 metros de altura e 7 metros de largura. Cerca de 3,5 toneladas em materiais de ferro foram usadas na confecção da escultura, instalada perto do Pico do Cabugi.
“Fiz de tudo para vir aqui hoje. Eu tinha que estar aqui hoje e quis estar mais ainda depois que eu tive a tristeza de ver nas redes sociais um deputado federal, filho do presidente da República, tentar de maneira tão sórdida, tão absurda, tão desrespeitosa (Paulo Freire). Ele que não conhece o Nordeste, não conhece o Rio Grande do Norte, não conhece a região Central, não conhece Angicos… Tratar assim um homem do bem, que só fez o bem, plantou o bem, uma semente mortal pela educação”, enfatizou Henrique Alves.
Além de ter abrigado o projeto de Paulo Freire, Angicos é reconhecida por ser a terra natal de Aluízio Alves, pai de Henrique e que foi governador do Rio Grande do Norte entre 1961 e 1966.
Veja vídeo:
Post de Eduardo Bolsonaro
Henrique não especificou a qual post se referiu na fala, mas viralizou no fim de semana a revolta de Eduardo Bolsonaro com as comemorações em torno do centenário de Paulo Freire. Pelo Twitter, o deputado e filho do presidente criticou o Google pelo doodle (alteração temporária da logo do site para celebrar algum fato) adotado neste domingo.
“Em datas como Natal e Páscoa, o Google se recusa a mudar a logo para homenagear Jesus Cristo. Mas, mudam (sic) para enaltecer o comunista responsável pela destruição da educação no Brasil. A guerra não é só política e cultural, é também espiritual”, escreveu o filho do presidente.
Na manhã deste domingo, Eduardo também criticou Paulo Freire. Ele disse aos seguidores para não estranharem “se o próximo Google (doodle) for com a cara do (ex-presidente) Lula”.
Depois, Eduardo Bolsonaro falou sobre o legado da pedagogia de Paulo Freire. “Educação do país de péssima qualidade e não se pode nem criticar o patrono desta bagunça? Isso não é justiça, é militância doentia”, diz. “Nunca foi tão difícil fazer o certo e consertar o Brasil. Mas nós somos chatos e estamos certos, então vamos adiante”, declarou.
A fala de Eduardo aconteceu após a Justiça do Rio de Janeiro proibir o Governo Federal de “praticar qualquer ato institucional atentatório à dignidade intelectual” do patrono da educação brasileira Paulo Freire. O pedido foi feito pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), que denunciou à Justiça agressões verbais e decisões institucionais nos diversos órgãos de educação contra o patrono da educação brasileira.