Do Globo
Partido com o qual o Presidente Jair Bolsonaro tem negociado sua filiação, o PL dá mostras de que busca a aproximação com o Poder Executivo, independentemente da ideologia de quem o comanda. Levantamento feito pelo GLOBO aponta que a legenda do Centrão integra a base de 15 governadores, dos quais metade deve reforçar o palanque de adversários de Bolsonaro em 2022.
Esse foi um dos principais motivos para o recuo do presidente, cujo ingresso no PL estava marcado para o próximo dia 22. A cerimônia foi adiada em meio às divergências.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vai se reunir com dirigentes estaduais da sigla hoje à tarde em Brasília para mapear onde estão os principais entraves ao ingresso de Bolsonaro no partido.
A legenda está dividida sobre receber o presidente, seus filhos e aliados. Filiados dos estados do Sul e do Centro-Oeste defendem a guinada bolsonarista do PL, enquanto boa parte dos diretórios do Nordeste e do Norte tentam surfar no desentendimento recente entre Costa Neto e Bolsonaro para desfazer o acordo.
O cacique do partido e o presidente discutiram durante uma troca de mensagens por divergências sobre quem daria as cartas no diretório de São Paulo, o mais importante do país.
Um dos argumentos que será apresentado pela ala anti-bolsonarista a Costa Neto na reunião desta quarta-feira é que a eventual entrada do presidente poderá levar à saída de cerca de dez parlamentares da sigla, entre eles o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PP-AM), e o deputado Fábio Abreu (PL-PI).
Esse último já anunciou que só irá permanecer se tiver autonomia para se aliar ao governador Wellington Dias (PT) na eleição.
Opositores de Bolsonaro argumentam ainda que a filiação de 15 a 20 bolsonaristas levaria para a legenda deputados sem identidade partidária nem compromisso de fidelidade a Costa Neto, mas, sim com Bolsonaro.
Destacam ainda que, a médio prazo, o presidente pode retomar o projeto de criação de seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil, e esvaziar o PL.
No Nordeste, lideranças do PL em Alagoas e no Piauí defendem manter em 2022 alianças com governadores de oposição a Bolsonaro.
Somados a São Paulo, esses três estados são considerados os principais entraves que levaram ao adiamento da filiação. No Ceará, há uma divisão no diretório: de um lado está o casal de deputados bolsonaristas Dr. Jaziel e Dra. Silvana e, do outro, o prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, aliado de longa data do senador Cid Gomes (PDT-CE) e ligado ao governador, Camilo Santana (PT).
PS: No Rio Grande do Norte (RN), o PL é Presidido pelo deputado federal João Maia que, além dele, tem aliados ligados ao PT da Governadora Fátima Bezerra.