Foto: Pedro Kirilos/Agência O Globo
Entre
tantas presenças no jantar de domingo para de Luiz Inácio Lula da
Silva, uma ausência passou (quase) despercebida: a de Dilma Rousseff. A
ex-presidente não só não estava no jantar em que Lula e Alckmin se
encontraram publicamente pela primeira vez, como tampouco foi convidada
para o evento.
A amigos que a questionaram a respeito da ausência
no evento, Dilma confirmou ter sido excluída, e confessou ter ficado
surpresa com a falta de convite. Para esses interlocutores, a
ex-presidente afirmou ter entendido que se tornou um problema político
para Lula.
Procurada pela equipe da coluna, a assessoria de Dilma
afirmou apenas que ela estava em Porto Alegre no final de semana e tem
evitado viajar por causa da pandemia de Covid-19.
Isso porque, no
jantar promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas, estavam célebres
apoiadores do impeachment – como os presidentes do MDB e do PSD, Baleia
Rossi e Gilberto Kassab, além do próprio Alckmin e da ex-prefeita Marta
Suplicy, que ficou sentada na mesma mesa com Lula.
Ao comentar o
jantar, Dilma afirmou que sua presença no lançamento informal da aliança
Lulalckmin avivaria – no PT e na opinião pública – a lembrança de que
os potenciais aliados de Lula em 2022 trabalharam ativamente na
destituição do PT da presidência, em 2016.
A equipe da coluna
questionou o organizador do evento, Marco Aurélio Carvalho, sobre a
razão de Dilma não ter sido convidada. O coordenador o grupo
Prerrogativas afirmou que “jamais deixaria de convidá-la”, e disse ter
pedido ao deputado federal Rui Falcão para fazê-lo.
O deputado,
porém, disse que nunca recebeu tal missão. Questionado novamente,
Carvalho disse que José Eduardo Cardozo, ex-ministro de Dilma, também
ficou responsável pelo convite. Procurado, Cardozo não atendeu as nossas
ligações.
Ao longo do dia de ontem, políticos petistas que
estiveram no evento tentaram minimizar a ausência de Dilma, argumentando
que a ex-presidente estava em Porto Alegre e, portanto, distante do
núcleo paulista da campanha de Lula. Mas o governador do Piauí,
Wellington Dias, e o da Bahia, Rui Costa, estavam lá, apesar de
geograficamente mais distantes.
Mas houve quem, apesar de
convidado, decidisse não comparecer. Entre eles estão outros defensores
do impeachment, como o senador Rodrigo Pacheco (PSD), que em 2016 era
deputado federal pelo MDB de Minas Gerais e votou sim, e a senadora
Simone Tebet (MDB).
Os dois são pré-candidatos à presidência da
República e foram convidados pessoalmente por Carvalho, mas alegaram
problemas de agenda.
Foram representados por Kassab e Baleia, que se sentaram em uma mesa separada da de Lula, dedicada a presidentes de partidos.
A
designação de lugares foi definida pelo próprio Carvalho, que colocou
Alckmin e Lula lado a lado. Além dos dois protagonistas, dividiram a
conversa Márcio França (PSB) e Fernando Haddad (PT), os maiores
interessados na fusão. Kassab teria uma vaga nesta mesa, mas chegou
tarde e perdeu o lugar para a esposa de Haddad, Ana Estela.
O Globo