sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Inaugurado por Carlos Eduardo, centro cirúrgico do Hospital Municipal nunca funcionou

Uma placa na lateral do prédio indica que obra nesse setor, orçada em R$ 73 mil, será concluída dia 17, três anos depois de ser inaugurado pelo prefeito que Carlos Eduardo Alves (PDT), cuja principal bandeira é a gestão.
05 de Outubro de 2018 - 21:53hs


Por Isabela Santos/Agencia Saiba Mais
Na inauguração do Hospital Municipal Doutor Newton Azevedo, em dezembro de 2015, a Prefeitura de Natal anunciou 22 leitos de clínica cirúrgica e três salas no bloco cirúrgico. Entretanto, o centro cirúrgico nunca foi utilizado e somente em outubro deste ano deve ser inaugurado com quatro salas, segundo nova promessa da direção da unidade. Uma placa na lateral do prédio indica que obra nesse setor, orçada em R$ 73 mil, será concluída dia 17, três anos depois de ser inaugurado pelo prefeito que Carlos Eduardo Alves (PDT), cuja principal bandeira é a gestão.
Essa área vai contar ainda com Centro de Recuperação anestésica, com quatro leitos, vestiários, banheiros, farmácia e Central de Material e Esterilização, que já funciona no lugar.
A obra está em fase de acabamento, faltando apenas o piso e instalação de equipamentos, como ar condicionado e máquinas do centro, já adquiridos, de acordo com a diretora administrativa Ana Monique de Azevedo.
Enquanto isso, apenas pequenos procedimentos cirúrgicos – dos que podem ser feitos em UTIs – são realizados, tais como suturas, implante de cateter, drenagem torácica.
O primeiro hospital municipal de Natal ocupa o lugar do antigo Médico Cirúrgico, unidade privada referência em cirurgia cardíaca. O ex-prefeito Carlos Eduardo Alves arrendou o prédio e reformou com um investimento de R$ 200 mil, cujo valor seria abatido do contrato de aluguel. O custeio da unidade é feito em parceria com o  Ministério da Saúde, que repassa R$ 1 milhão por mês, de acordo com o Executivo.
Atualmente são 70 leitos, sendo 10 de pediatria, 6 psiquiátricos, 10 UTIs e 44 de clínica médica.
A promessa era uma unidade médica que, desde a sua inauguração, realizaria cirurgias eletivas nas áreas de cirurgia geral, ortopedia e urologia, além de concentrar atendimentos que à época eram realizados no Pronto Atendimento Infantil Sandra Celeste e o Hospital dos Pescadores.
Mas desde junho o hospital vinha reduzindo o atendimento do pronto-socorro adulto para implantação da porta regulada. Naquele mês, foram 4.419 atendimentos, contra 1.073 no mês seguinte e, de acordo com as primeiras informações apuradas, apenas 234 desses serviços prestados em agosto, porém na estatística do hospital constam 2.340.
Os atendimentos foram transferidos de forma gradual novamente para o Hospital dos Pescadores, que só voltou a ter pronto-atendimento em agosto.

O Hospital Municipal mantém internações encaminhadas de outras unidades de saúde e ainda uma sala vermelha com dois leitos para emergências, com porta aberta para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Já os atendimentos nos prontos-socorros de ortopedia e pediatria preservam uma média. “A variação do número de crianças atendidas se justifica pela contaminação sazonal de doenças ‘arbovirais’, [como dengue e zica]”, explica a diretora administrativa, Ana Monique França. Ela informa os números registrados na recepção infantil: 4.419 em junho, 3.414 em julho e 3.157 em agosto. A procura do setor de ortopedia, único que tem horário para fechar (das 24h às 7h), é em torno de 1.900 por mês.
A diretora informa ainda que comumente a rotina do hospital conta com o plantão de três pediatras, dois ortopedistas, dois clínicos e ainda os residentes.
Mesmo assim, a demanda é alta e faz com quem a sala de espera esteja sempre cheia. Às 14h da quinta-feira (04), o motorista Ronald dos Santos esperava pelos resultados dos exames da pequena Alícia, de seis meses de vida. Eles chegaram lá à 1h da madrugada.
De acordo com o pai, o que levou a família que mora em Nova Natal, Zona Norte ao hospital foi uma febre persistente. A menina logo foi atendida e medicada, mas a realização de um exame foi o problema.
“Ela teve que repetir o exame de urina quatro vezes, porque não dava certo. A realização do exame de alguma forma depende da médica e ela atende lá em cima e aqui. Disseram que é uma infecção, mas precisa do exame pra saber exatamente do quê”, disse Ronald.
O hospital realiza menos da metade dos atendimentos que pretendia inicialmente. De acordo com informações divulgadas pela Prefeitura, o número ideal de atendimentos era de 276 mil por ano. Em 2016, foram 126.939, sendo 44.459 no pronto atendimento infantil, 59.479 no adulto e 23.001 no setor de ortopedia. Em 2017, o número caiu para 118.995. E de janeiro a agosto deste ano, foram 77.204.
Além disso, o HMN esperava poder internar 500 por mês e registrou aproximadamente 1.900 internamentos na clínica médica em 12 meses. A expectativa era que a unidade realizasse em média 23 mil atendimentos mensais. Em agosto deste ano foram menos de 6 mil.
As informações da Secretaria de Saúde destacam ainda em 2016 foram mais de 500 mil procedimentos, com destaques para a administração de medicamentos (cerca de 90 mil), consulta com observação até 24h (cerca de 90 mil) e raio-x (cerca de 40 mil). Esse tipo de exame acaba servindo até mesmo a pacientes do interior do estado.
O agricultor Antônio dos Santos, viajou aproximadamente meia hora do sítio Lagoa de Bois ao município de Santo Antônio do Salto da Onça e mais pelo menos uma hora até Natal para fazer um raio-x. A viagem foi bem curta perto dos três meses que esperou desde a consulta na Unidade Básica de Saúde.
“Eu fui primeiro a uma clínica particular, porque lá é muito difícil um ortopedista. O médico pediu o exame e procurei a rede pública e marcaram aqui, mas isso foi dia 5 de julho”, mostrou o receituário.  fonte.http://www.portalacontecern.com.br/

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