A pandemia de coronavírus deve se estender até 2023. A previsão, feita
pelo diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo
Palácios, não significa que as restrições que o país –e boa parte do
mundo– enfrenta no momento serão mantidas até lá. Haverá uma
flexibilização à medida em que a vacinação avance.
“A gente tem
que entender que esse vírus veio para ficar. E, como acontece com a
influenza [vírus da gripe], nós vamos ter que aprender a conviver com
ele”, afirmou em entrevista ao Poder360. “Nós temos casos de pessoas com
influenza grave todos os anos. Pessoas que morrem e temos vacinação. O
que acontece? Colocamos a Influenza em um nível que é manejável para o
sistema de saúde e manejável para a sociedade”, detalhou.
O
processo, para ser efetivo, precisa de coordenação global, já que novas
variantes podem aparecer e dificultar o processo de vacinação. “Como
tenho falado, desta temos que sair todos juntos. Isso será parte do
problema. Estamos vendo um acesso muito desigual a recursos no mundo e
isso vai fazer com que vários países tenham demora em incorporar medidas
profiláticas“, disse.
Como parte desse processo de adaptação
social e do sistema de saúde à vacina, Palácios lidera duas iniciativas
do Instituto Butantan que tem potencial de ajudar na reversão do quadro
de mortes e esgotamento do sistema de saúde. De um lado, o Butantan
produz um soro anticovid. O laboratório também é responsável pelas
pesquisas da ButanVac, uma vacina nacional que pode reduzir os custos de
produção de imunizantes.
Sobre o soro, ele alerta que é
necessário modular as expectativas. “É para casos que estão no início.
Isso tem que ser colocado. Uma pessoa vai evoluir para um caso grave
perto da 2ª semana. A ideia é poder chegar a tempo e fazer uma
intervenção para interromper o avanço para um caso grave”, explicou.
A
nova vacina, por outro lado, tem potencial de auxiliar a CoronaVac, que
é produzida em parceria com a chinesa Sinovac, por utilizar um método
distinto, para o qual o instituto já tem todas as instalações montadas.
“É
a mesma [fábrica] que usamos para a vacina de influenza, na qual o
Butantan é dos grandes produtores do mundo. Está pronta e o Butantan já
realizou os lotes de testes para a vacina. Quando falamos que já é do
Butantan por completo, é porque já produzimos”, explicou.
by, PODER360
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Fim da pandemia pode ser só em 2023, diz diretor de pesquisas do Butantan
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