De acordo com a coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, Kelly Maia, o problema começou a ser relatado pelos municípios há uma semana, quando a última remessa da CoronaVac foi entregue. Os gestores em saúde passaram a informar que havia frascos com quantidade de vacinas suficiente para nove doses, ao invés de dez. O Plano Nacional de Imunização (PNI) foi notificado do caso e informou que outros Estados já haviam relatado o mesmo problema.
Ainda de acordo com Kelly Maia, a quantidade aplicada em cada pessoa vacinada é de 0,5ml. Cada ampola, segundo o Butantan, vem com 5,7ml, isto é, uma dose extra, o que daria para as 10 doses. “À medida que os aplicadores foram aspirando perceberam que não dava para as dez doses. Até dava para aspirar a última, mas não chegava a 0,5ml. E não é recomendado que se faça com menos porque não terá a eficácia”, explicou Kelly Maia. Segundo ela, não houve erro por parte dos aplicadores de vacina nos municípios potiguares.
“Não partimos desse pressuposto de erro no preparo da dose porque seria muita coincidência. De repente, vários municípios relatando esse erro? O que mudou na prática? No início da pandemia fizemos um curso de atualização para que as pessoas fizessem a aspiração da forma mais adequada, porque sabemos que pode ter uma perda ou outra, o mínimo possível. Não acreditamos que seja erro técnico, e sim que foi a questão dos frascos desse lote que veio com envasamento menor e ocasionou isso”, frisou Kelly Maia, acrescentando que o problema foi registrado em outros Estados.
A presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Norte (Cosems-RN), Maria Eliza Garcia, defende que os municípios não podem ser prejudicados com o erro do envasamento. “Os municípios não estão sendo irresponsáveis, até porque tivemos casos em todo o país. A reserva técnica vem para atender uma situação dessas ou outra eventualidade, de forma que o município não possa ser prejudicado, ainda mais nesse momento em que as doses seguem sendo insuficientes. Criamos uma câmara técnica em que os municípios prejudicados vão no RN + Vacina e pontuam como perda técnica. O Estado, na sua reserva técnica de 5%, repõe essa perda”, argumentou Garcia.
O problema de doses a menos na embalagem da CoronaVac também foi relatado em pelo menos outros 11 Estados, que registraram a questão junto ao Instituto Butantan e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Os municípios ficaram preocupados de acharem que eles estavam tirando uma dose. Mas seria muita coincidência, todos os municípios, e não é só aqui no Estado. E também foi relatado, quando lá no início, tinha doses a mais. Então a gente crê que seja um problema de envasamento mesmo. Tinha frasco que conseguíamos fazer dose doses, para se ter uma ideia”, pontuou Kelly Maia.
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