O Rio Grande
do Norte já está recebendo as águas do Rio São Francisco. É o que foi
anunciado ontem, dia 9 de fevereiro, pelo presidente Jair Bolsonaro no
município de Jardim de Piranhas, a 300 km de Natal, no Seridó Potiguar,
porta de entrada das águas da transposição no estado do RN. Com ele, o
ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, dentre outros
ministros de Estado, prefeitos, deputados e vereadores comemoraram a
chegada das águas junto à uma multidão de apoiadores no evento que mudou
a rotina da cidade. O anúncio representa a conclusão dos eixos Norte e
Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF).
Fisicamente, porém,
ainda não foi possível verificar mudança no leito do rio seridoense. A
chegada da água do Velho Chico foi representada simbolicamente com um
banho de mangueiras dado na plateia pelo próprio presidente e pelo
ministro Rogério Marinho ao final do evento. Na cidade, a notícia é
comemorada pela população que já viu o rio secar na última estiagem.
"Era
algo muito esperado por todos nós. Acreditamos que vai mudar muito
porque teremos a garantia de água. A cidade sobrevive da água. Quando
falta, é um sufoco. A seca castigou muito e o rio chegou a secar", disse
o morador Franco Nery da Silva, 40, ao lembrar que precisou fazer uso
de carro-pipa no período da estiagem. Ele participou do evento da
chegada das águas e levou o filho para visitar o rio.
O
agricultor Zilmar Bento da Silva, 54, também foi ao rio Piranhas para
conferir algum vestígio das águas do Velho Chico. "É muito bom porque a
água não vai mais secar. Já presenciei esse rio secar. Ficou só uma
fileira de água no meio. Sofremos muito e agora vai melhorar pra todo
mundo, pra quem pesca, pra ter água em casa, pro agricultor", comemorou.
Logo cedo, as
principais ruas de Jardim de Piranhas começaram a receber uma
movimentação diferente de pessoas vestidas principalmente com roupas nas
cores verde e amarelo. Eram os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro
que chegavam para participar do evento da chegada das águas do Rio São
Francisco ao Rio Grande do Norte. Em carros particulares e caravanas, os
apoiadores se amontoavam, a maioria usando máscaras, para receber o
presidente. Contudo, a aglomeração era inevitável. No Clube Atlético
Piranhas, onde ocorreu o evento, foi proibido o acesso com álcool, mesmo
que para higienizar as mãos.
"Eu nunca tinha
visto a cidade ficar tão cheia de repente. Ainda mais a presença de um
presidente da república né?", comentava a vendedora ambulante Fabiana
Maria da Silva, 49. Ela sempre morou em Jardim de Piranhas bem próximo
ao rio por onde passarão as àguas do Velho Chico e aproveitou para
aumentar a venda dos seu produtos neste dia atípico. "Sempre morei ali
na beira do rio. Esse rio é tudo para nós, nossa cidade depende dele e
hoje parecia uma capital de tão movimentada. Vendi muita coisa, sorvete,
lanche...", disse ela.
Barracas com camisetas,
lenços e bonés com a imagem de Bolsonaro e da bandeira do Brasil também
lotavam as ruas. E, no Clube Atlético Piranhas, os participantes
ocuparam os três pavilhões do local, mais os três estandes montados de
proporção semelhante aos pavilhões. Por se tratar de uma região de
fronteira com a Paraíba, muitos dos presentes eram do estado paraibano.
Nas palavras de
Rogério Soares, prefeito de Jardim de Piranhas, o dia de ontem foi
histórico. "Inauguramos a obra da chegada do Rio São Francisco ao nosso
Rio Piranhas. Um marco que põe fim a quase dois séculos de espera e
concretiza o grande sonho do sertanejo de ver seu rio cheio", disse o
prefeito.
Ele ressaltou que a obra vai
estimular a economia local. "Nosso agricultor poderá cultivar suas
frutas e verduras, produzindo mais, poderá comercializar mais,
movimentando a nossa economia", declarou.
Custo
Para
a adução (transporte) das águas do Velho Chico, os estados terão um
custo que no Rio Grande do Norte o Governo estadual prevê que fique em
R$ 69,8 milhões por ano, possivelmente diluídos na conta de água dos
consumidores.
A Agência Nacional de Águas e
Saneamento Básico (ANA) informou que os valores das tarifas do PISF em
2022 ainda serão definidos, sendo que o início do pagamento pelos
estados receptores das águas depende da assinatura dos contratos entre
os estados e a operadora federal do empreendimento.
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