Uma mulher de 40 anos, moradora de
Sorocaba (SP), morreu de Covid-19 dias após ter enviado uma mensagem ao
filho comemorando que havia se curado da doença. Na conversa, Andreia
Alves Silva disse que havia tido alta do hospital e que só Deus sabia o
que ela havia passado. “Sobrevivi à Covid”, contou ao filho Pedro Henrique Alves de Oliveira, de 19 anos.
Ao G1, a irmã de Andreia, Adriele Alves,
explicou que ela não tinha comorbidades e continuou trabalhando durante a
pandemia como balconista em uma loja de cosméticos.
Andreia foi até a Unidade Pré-Hospitalar
(UPH) Zona Oeste pela primeira vez quando começou a sentir dores no
corpo e um pouco de falta de ar. Segundo Adriele, a irmã teria recebido o
diagnóstico de uma pequena pneumonia e retornou para casa para dar
início ao tratamento.
Três dias após o início da medicação, no
entanto, Andreia teria começado a apresentar outros sintomas. “No quarto
dia, ela falou: ‘estou tendo falta de ar, algumas dores no corpo e
alguns desmaios'”, explica Adriele.
A mulher, então, retornou para a UPH pela
segunda vez, onde foi constatado um comprometimento no pulmão, mas que
podia ser cuidado em casa.
Dois dias depois, Andreia voltou pela
terceira vez à unidade hospitalar ao passar mal e os médicos teriam dito
que não era Covid. De acordo com a irmã, o teste da doença chegou a ser
feito, mas o resultado demorou a sair. “Eles passaram o medicamento
para Covid, mas disseram que não era”.
Ao voltar para casa, a mulher teria
sentido muita falta de ar e voltou novamente para a UPH. Desta vez, a
família foi informada de que a paciente deveria ficar internada e de que
seria transferida para um hospital, pois o vírus estava atacando o
corpo dela.
Andreia foi encaminhada no dia seguinte
para o Hospital Santa Lucinda, onde ficou internada por dois dias,
segundo a irmã. “Falaram para ela vir embora, que ela não tinha nada”,
diz.
Para não oferecer risco aos pais, que são idosos, a vítima foi para a
residência do namorado, onde ficou por cinco dias até que decidiu
voltar para a sua casa. Ela chegou a conversar com a família e a enviar
as mensagens para o filho dizendo que havia sobrevivido à Covid-19.
No dia 1º de março, Andreia se sentiu mal
mais uma vez e retornou à UPH. “Ela estava bem, normal. Conversava,
digitava, mandava foto e tudo mais”, conta a irmã.
No dia seguinte, a família foi informada
de que a paciente seria intubada e de que eles deveriam comparecer à
unidade para recolher os pertences dela. “Fomos lá, mas eles demoraram e
vimos que tinha algo estranho”, diz Adriele.
A família foi dispensada e informada de
que poderia voltar no dia seguinte para recolher tudo. No entanto,
Andreia morreu no mesmo dia. Segundo a irmã, ela foi enterrada durante a
madrugada, em Sorocaba.
“Não teve velório e acho que isso é o que
mais dói na gente, sabe? Minha irmã sempre foi alegre, contagiante. Ela
não imaginava que pegaria Covid”, diz Adriele.
O G1 questionou a Prefeitura de Sorocaba
sobre as várias idas de Andreia à UPH e sobre o enterro ter sido
realizado durante a madrugada. No entanto, o Executivo respondeu apenas
que, “no caso dessas questões particulares, por se tratar de sigilo
médico, é preciso que o prontuário da paciente seja solicitado pela
família”. fonte G1