O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira que desconfia que o plano para atacar o Senador Sergio Moro (Uniao-PR) é uma “armação” do ex-juiz da Lava-Jato. A declaração foi dada pelo petista durante sua visita ao Complexo Naval de Itaguaí, na região metropolitana do Rio, onde está a linha de produção do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil.
Ao ser indagado como acompanhava o plano criminoso revelado pela PF de atacar o Moro e outras autoridades, o presidente reagiu:
— Eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas vou ser cauteloso, quero ver o que aconteceu — disse Lula, enfatizando novamente: — É visível que é uma armação do Moro. Mas não vou atacar ninguém sem ter provas. E se for mais uma armação ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo como está mentindo.
Lula participou da agenda no Rio em um gesto para se aproximar das Forças Armadas, e visitou o Complexo Naval de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. No local está a linha de produção do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha do Brasil.
O petistas visitou as instalações do programa que foi lançado por ele em 2008, em seu segundo mandato. Lula se reuniu por cerca de 15 minutos com o comando Marinha e almoçou na base naval.
Acompanharam a vista a primeira-dama Janja da Silva; a ministra do Turismo, Daniela Carneira; o senador Renan Calheiros; a Embaixadora da França no Brasil, Brigitte Collet; a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Barbosa de Oliveira Santos; e o Ministro Chefe do GSI, General de Divisão Gonçalves Dias.
A principal estratégia do petista para melhorar a relação do governo com os militares é a retomada de investimentos em projetos de interesse das tropas, como é o Prosub.
A relação com a caserna que já era de desconfiança devido aos alinhamento ideológico da instituição com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), começou ainda mais turbulenta em seu novo governo com os ataques do dia 8 de janeiro e a consequente demissão do comando do Exército.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro também visitou o complexo de Itaguaí para participar do lançamento do submarino Humaitá. Lula visitou essa mesma embarcação que está em fase de testes e deverá ser entregue em pleno funcionamento à Marinha ainda neste ano.
O projeto do Prosub inclui a construção de quatro submarinos de propulsão convencional — com motores diesel-elétricos de fabricação francesa — e uma quinta embarcação de propulsão nuclear, com previsão de entrega somente em 2031.
O programa prevê um investimento total de R$ 37,1 bilhões e é fruto de uma parceira estratégica de transferência de tecnologia com a França.
Além da promessa de investimentos em projetos caros à caserna, Lula prevê participar de formaturas de oficiais ao longo do ano, como forma de demonstrar prestígio aos militares. O mesmo expediente foi seguido por Bolsonaro ao longo de seu mandato.
O principal desafio do petista é estabelecer uma boa relação com as cúpulas hierárquicas das Forças, que se politizaram ao longo dos últimos anos e influenciam ideologicamente toda a tropa.
— Lula está vindo colher uma semente do que ele plantou em 2008 — disse o Contra-Almirante Luiz Roberto Cavalcanti.
A agenda também reforça a promessa de campanha do petista de retomar o investimento na indústria naval do Rio de Janeiro.
O Globo