Por Isabela Santos/Agencia Saiba Mais
Na inauguração do Hospital Municipal
Doutor Newton Azevedo, em dezembro de 2015, a Prefeitura de Natal
anunciou 22 leitos de clínica cirúrgica e três salas no bloco cirúrgico.
Entretanto, o centro cirúrgico nunca foi utilizado e somente em outubro
deste ano deve ser inaugurado com quatro salas, segundo nova promessa
da direção da unidade. Uma placa na lateral do prédio indica que obra
nesse setor, orçada em R$ 73 mil, será concluída dia 17, três anos
depois de ser inaugurado pelo prefeito que Carlos Eduardo Alves (PDT),
cuja principal bandeira é a gestão.
Essa área vai contar ainda com Centro de
Recuperação anestésica, com quatro leitos, vestiários, banheiros,
farmácia e Central de Material e Esterilização, que já funciona no
lugar.
A obra está em fase de acabamento,
faltando apenas o piso e instalação de equipamentos, como ar
condicionado e máquinas do centro, já adquiridos, de acordo com a
diretora administrativa Ana Monique de Azevedo.
Enquanto isso, apenas pequenos
procedimentos cirúrgicos – dos que podem ser feitos em UTIs – são
realizados, tais como suturas, implante de cateter, drenagem torácica.
O primeiro hospital municipal de Natal
ocupa o lugar do antigo Médico Cirúrgico, unidade privada referência em
cirurgia cardíaca. O ex-prefeito Carlos Eduardo Alves arrendou o prédio e
reformou com um investimento de R$ 200 mil, cujo valor seria abatido do
contrato de aluguel. O custeio da unidade é feito em parceria com o
Ministério da Saúde, que repassa R$ 1 milhão por mês, de acordo com o
Executivo.
Atualmente são 70 leitos, sendo 10 de pediatria, 6 psiquiátricos, 10 UTIs e 44 de clínica médica.
A promessa era uma unidade médica que,
desde a sua inauguração, realizaria cirurgias eletivas nas áreas de
cirurgia geral, ortopedia e urologia, além de concentrar atendimentos
que à época eram realizados no Pronto Atendimento Infantil Sandra
Celeste e o Hospital dos Pescadores.
Mas desde junho o hospital vinha
reduzindo o atendimento do pronto-socorro adulto para implantação da
porta regulada. Naquele mês, foram 4.419 atendimentos, contra 1.073 no
mês seguinte e, de acordo com as primeiras informações apuradas, apenas
234 desses serviços prestados em agosto, porém na estatística do
hospital constam 2.340.
Os atendimentos foram transferidos de
forma gradual novamente para o Hospital dos Pescadores, que só voltou a
ter pronto-atendimento em agosto.
O Hospital Municipal mantém internações
encaminhadas de outras unidades de saúde e ainda uma sala vermelha com
dois leitos para emergências, com porta aberta para o SAMU (Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência).
Já os atendimentos nos prontos-socorros
de ortopedia e pediatria preservam uma média. “A variação do número de
crianças atendidas se justifica pela contaminação sazonal de doenças
‘arbovirais’, [como dengue e zica]”, explica a diretora administrativa,
Ana Monique França. Ela informa os números registrados na recepção
infantil: 4.419 em junho, 3.414 em julho e 3.157 em agosto. A procura do
setor de ortopedia, único que tem horário para fechar (das 24h às 7h), é
em torno de 1.900 por mês.
A diretora informa ainda que comumente a
rotina do hospital conta com o plantão de três pediatras, dois
ortopedistas, dois clínicos e ainda os residentes.
Mesmo assim, a demanda é alta e faz com
quem a sala de espera esteja sempre cheia. Às 14h da quinta-feira (04), o
motorista Ronald dos Santos esperava pelos resultados dos exames da
pequena Alícia, de seis meses de vida. Eles chegaram lá à 1h da
madrugada.
De acordo com o pai, o que levou a
família que mora em Nova Natal, Zona Norte ao hospital foi uma febre
persistente. A menina logo foi atendida e medicada, mas a realização de
um exame foi o problema.
“Ela teve que repetir o exame de urina
quatro vezes, porque não dava certo. A realização do exame de alguma
forma depende da médica e ela atende lá em cima e aqui. Disseram que é
uma infecção, mas precisa do exame pra saber exatamente do quê”, disse
Ronald.
O hospital realiza menos da metade dos
atendimentos que pretendia inicialmente. De acordo com informações
divulgadas pela Prefeitura, o número ideal de atendimentos era de 276
mil por ano. Em 2016, foram 126.939, sendo 44.459 no pronto atendimento
infantil, 59.479 no adulto e 23.001 no setor de ortopedia. Em 2017, o
número caiu para 118.995. E de janeiro a agosto deste ano, foram 77.204.
Além disso, o HMN esperava poder
internar 500 por mês e registrou aproximadamente 1.900 internamentos na
clínica médica em 12 meses. A expectativa era que a unidade realizasse
em média 23 mil atendimentos mensais. Em agosto deste ano foram menos de
6 mil.
As informações da Secretaria de Saúde
destacam ainda em 2016 foram mais de 500 mil procedimentos, com
destaques para a administração de medicamentos (cerca de 90 mil),
consulta com observação até 24h (cerca de 90 mil) e raio-x (cerca de 40
mil). Esse tipo de exame acaba servindo até mesmo a pacientes do
interior do estado.
O agricultor Antônio dos Santos, viajou
aproximadamente meia hora do sítio Lagoa de Bois ao município de Santo
Antônio do Salto da Onça e mais pelo menos uma hora até Natal para fazer
um raio-x. A viagem foi bem curta perto dos três meses que esperou
desde a consulta na Unidade Básica de Saúde.
“Eu fui primeiro a uma clínica
particular, porque lá é muito difícil um ortopedista. O médico pediu o
exame e procurei a rede pública e marcaram aqui, mas isso foi dia 5 de
julho”, mostrou o receituário. fonte.http://www.portalacontecern.com.br/