Aline Guedes
Em menos de 30 anos, João Pessoa deve chegar a um milhão de habitantes. É o que estima a secretária de planejamento de João Pessoa, Estelizabel Bezerra. Atualmente, apenas 15 cidades no Brasil chegaram a essa marca. Ela revelou que a Capital tem um crescimento anual de 200% no número de construções e pelo menos três bairros não possuem mais área para crescer: Ipês, Mandacaru e Torre. Esse aumento populacional deve trazer problemas graves de saneamento, drenagem urbana e mobilidade nos próximos cinco anos, segundo especialistas. Os bairros mais afetados serão Bancários e Bairro dos Estados, que estão se verticalizando rapidamente.
“Não quer dizer que nesses bairros não haja construção, porque também há verticalização e reformas. Mas não são mais liberados alvarás de novas construções porque não existe mais espaço, apenas área de preservação”, explicou Estelizabel, que também citou os bairros do Bessa e Altiplano, como os que mais registram solicitações de alvarás na Seplan.
A média de crescimento de 200% na construção civil é uma curva ascendente que começou nos últimos cinco anos. De janeiro de 2011 até oito de novembro de 2011, foram expedidos 1.156 alvarás de construção. Destes, 349 foram provenientes de demolição, ou seja, quase 70% são de lotes novos.
Mais longevidade
A Capital paraibana segue a tendência da maior longevidade, que levou o mundo à marca de 7 bilhões de pessoas no último dia 31 de outubro. Conforme o Censo 2010, o bairro mais populoso de João Pessoa continua sendo Mangabeira, com 75.988 habitantes. Mas, pelo que se vê no mapa demográfico da cidade, Mangabeira ainda tem muito espaço para se expandir. Nos últimos 10 anos, alguns bairros foram “descobertos”. “São áreas da Zona Sul, como Água Fria, Jardim Cidade Universitária, Paratibe, Mumbaba e Costa do Sol, que estão na mira das construções demandadas por intermédio dos programas sociais de habitação. A classe de menor poder aquisitivo está podendo comprar uma casa própria e a maioria está migrando para esses bairros”, afirma o presidente do Sindicato dos Construtores de João Pessoa, Irenaldo Quintans.
Mumbaba e Costa do Sol tiveram o maior índice de crescimento populacional de 2000 a 2010, com 1.611% e 1.269%, respectivamente. Também cresceram os bairros de Gramame (294,86%), Aeroclube (137,84%), Cidade dos Colibris (127,25%), Portal do Sol (120,23%), Água Fria (104,27%) e Jardim Cidade Universitária (92,88%). No Censo de 1991, a população da Capital era de 417.600. Em 2000, o número saltou para 597.934. Já em 2010, o Censo registrou 723.515 habitantes.
Verticalização deve saturar rede de esgotos em até cinco anos
Bancários, Água Fria, Bairro dos Estados, Jardim Cidade Universitária e os bairros que estão crescendo verticalmente devem ter problemas sérios com a rede de esgotamento sanitário daqui a menos de cinco anos. É o que prevê o arquiteto e urbanista Marco Suassuna. Segundo ele, esses bairros foram projetados inicialmente para casas térreas e agora estão sendo demolidas para construção de edifícios.
“Uma rede de esgotos que antes era fornecida para apenas uma família, hoje tem que suportar um prédio com 12, 15 famílias. Lógico que daqui a alguns anos toda essa rede vai estourar, caso nada seja feito”, afirma.
De acordo com o diretor de expansão da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), João Vicente Machado, o órgão vem tomando as providências de acordo com a necessidade. “Quando há a verticalização de um imóvel procuramos realizar o que nos compete para que a população não seja prejudicada neste sentido, como não há como prever que áreas terão com maior efetividade a sua verticalização, atendemos de acordo com a demanda que chega até nós”.
O diretor informou ainda que João Pessoa atualmente possui uma cobertura de 75% de rede de esgotamento sanitário e com as obras que estão em andamento, esse percentual subirá para 80%. “Contudo, a Cagepa está contratando projetos para universalizar o serviço, ou seja, atender 100% da população seguindo determinação do governo”, disse.
Segundo o especialista, alguns bairros também estão constituindo aglomeração urbana e problemas decorrentes do crescimento desenfreado: Mandacaru, São José e Bancários. “São locais que possuem comunidades pobres ao redor de bairros já grandes. São José é o melhor exemplo de disparidade social em uma mesma área, ao lado de Manaíra. É uma comunidade inchada que também não tem mais para onde crescer, a não ser verticalmente”, assegura.
Marco Suassuna explica que esse fenômeno de comunidades pobres próximas a áreas nobres se baseia na polaridade comercial e econômica daquele local. “Pense comigo: se eu venho com minha família do interior em busca de melhoria de vida onde é que eu vou me instalar? Logicamente, próximo de uma local que tenha oferta de emprego. Foi assim que o São José cresceu. As pessoas começaram a construir seus barracos porque vislumbraram aquecimento econômico em Manaíra e Tambaú”.
Mobilidade urbana: o desafio dos gestores
Segundo a secretária Estelizabel Bezerra, atualmente existem 110 comunidades irregulares em João Pessoa e 40% dessa população vive em áreas de risco. “São famílias que vivem em locais invisíveis, porque são áreas que deveriam ser de preservação e não de moradias. E essa ocupação é insalubre para quem mora e para o meio ambiente”, observou. A superpopulação acarreta problemas como violência, serviços públicos precários de saúde e educação. Mas de acordo com a secretária de planejamento, Estelizabel Bezerra, o maior problema do crescimento de João Pessoa será a mobilidade urbana. Segundo ela, para cada pessoa que nasce, quatro novos carros entram nas vias da cidade.
“João Pessoa é uma cidade muito antiga, com vias vicinais estreitas. Todos nossos corredores principais – Pedro II, Acesso Oeste, Epitácio Pessoa, Dois de Fevereiro, Beira Rio, Tancredo Neves e Cruz das Armas estão cada vez mais ocupados. Não basta apenas alargar vias, porque esse é um problema de modelo de desenvolvimento centrado na solução individual de locomoção. Vemos famílias com dois, três ou mais automóveis na mesma casa”, afirmou.
Para sanar o caos do trânsito já iminente, Estelizabel comenta que o projeto que a Prefeitura procura implementar desde 2005 é levar educação, saúde, lazer e serviços aos bairros. “Assim, os moradores não precisam se deslocar para pagar contas, resolver problemas e até se distrair. Fornecer autonomia para as comunidades é a melhor forma de diminuir o fluxo nas nossas vias”. Ela cita alguns bairros que já podem ser considerados totalmente independentes, como Mangabeira, Torre e Cruz das Armas.
Em menos de 30 anos, João Pessoa deve chegar a um milhão de habitantes. É o que estima a secretária de planejamento de João Pessoa, Estelizabel Bezerra. Atualmente, apenas 15 cidades no Brasil chegaram a essa marca. Ela revelou que a Capital tem um crescimento anual de 200% no número de construções e pelo menos três bairros não possuem mais área para crescer: Ipês, Mandacaru e Torre. Esse aumento populacional deve trazer problemas graves de saneamento, drenagem urbana e mobilidade nos próximos cinco anos, segundo especialistas. Os bairros mais afetados serão Bancários e Bairro dos Estados, que estão se verticalizando rapidamente.
“Não quer dizer que nesses bairros não haja construção, porque também há verticalização e reformas. Mas não são mais liberados alvarás de novas construções porque não existe mais espaço, apenas área de preservação”, explicou Estelizabel, que também citou os bairros do Bessa e Altiplano, como os que mais registram solicitações de alvarás na Seplan.
A média de crescimento de 200% na construção civil é uma curva ascendente que começou nos últimos cinco anos. De janeiro de 2011 até oito de novembro de 2011, foram expedidos 1.156 alvarás de construção. Destes, 349 foram provenientes de demolição, ou seja, quase 70% são de lotes novos.
Mais longevidade
A Capital paraibana segue a tendência da maior longevidade, que levou o mundo à marca de 7 bilhões de pessoas no último dia 31 de outubro. Conforme o Censo 2010, o bairro mais populoso de João Pessoa continua sendo Mangabeira, com 75.988 habitantes. Mas, pelo que se vê no mapa demográfico da cidade, Mangabeira ainda tem muito espaço para se expandir. Nos últimos 10 anos, alguns bairros foram “descobertos”. “São áreas da Zona Sul, como Água Fria, Jardim Cidade Universitária, Paratibe, Mumbaba e Costa do Sol, que estão na mira das construções demandadas por intermédio dos programas sociais de habitação. A classe de menor poder aquisitivo está podendo comprar uma casa própria e a maioria está migrando para esses bairros”, afirma o presidente do Sindicato dos Construtores de João Pessoa, Irenaldo Quintans.
Mumbaba e Costa do Sol tiveram o maior índice de crescimento populacional de 2000 a 2010, com 1.611% e 1.269%, respectivamente. Também cresceram os bairros de Gramame (294,86%), Aeroclube (137,84%), Cidade dos Colibris (127,25%), Portal do Sol (120,23%), Água Fria (104,27%) e Jardim Cidade Universitária (92,88%). No Censo de 1991, a população da Capital era de 417.600. Em 2000, o número saltou para 597.934. Já em 2010, o Censo registrou 723.515 habitantes.
Verticalização deve saturar rede de esgotos em até cinco anos
Bancários, Água Fria, Bairro dos Estados, Jardim Cidade Universitária e os bairros que estão crescendo verticalmente devem ter problemas sérios com a rede de esgotamento sanitário daqui a menos de cinco anos. É o que prevê o arquiteto e urbanista Marco Suassuna. Segundo ele, esses bairros foram projetados inicialmente para casas térreas e agora estão sendo demolidas para construção de edifícios.
“Uma rede de esgotos que antes era fornecida para apenas uma família, hoje tem que suportar um prédio com 12, 15 famílias. Lógico que daqui a alguns anos toda essa rede vai estourar, caso nada seja feito”, afirma.
De acordo com o diretor de expansão da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), João Vicente Machado, o órgão vem tomando as providências de acordo com a necessidade. “Quando há a verticalização de um imóvel procuramos realizar o que nos compete para que a população não seja prejudicada neste sentido, como não há como prever que áreas terão com maior efetividade a sua verticalização, atendemos de acordo com a demanda que chega até nós”.
O diretor informou ainda que João Pessoa atualmente possui uma cobertura de 75% de rede de esgotamento sanitário e com as obras que estão em andamento, esse percentual subirá para 80%. “Contudo, a Cagepa está contratando projetos para universalizar o serviço, ou seja, atender 100% da população seguindo determinação do governo”, disse.
Segundo o especialista, alguns bairros também estão constituindo aglomeração urbana e problemas decorrentes do crescimento desenfreado: Mandacaru, São José e Bancários. “São locais que possuem comunidades pobres ao redor de bairros já grandes. São José é o melhor exemplo de disparidade social em uma mesma área, ao lado de Manaíra. É uma comunidade inchada que também não tem mais para onde crescer, a não ser verticalmente”, assegura.
Marco Suassuna explica que esse fenômeno de comunidades pobres próximas a áreas nobres se baseia na polaridade comercial e econômica daquele local. “Pense comigo: se eu venho com minha família do interior em busca de melhoria de vida onde é que eu vou me instalar? Logicamente, próximo de uma local que tenha oferta de emprego. Foi assim que o São José cresceu. As pessoas começaram a construir seus barracos porque vislumbraram aquecimento econômico em Manaíra e Tambaú”.
Mobilidade urbana: o desafio dos gestores
Segundo a secretária Estelizabel Bezerra, atualmente existem 110 comunidades irregulares em João Pessoa e 40% dessa população vive em áreas de risco. “São famílias que vivem em locais invisíveis, porque são áreas que deveriam ser de preservação e não de moradias. E essa ocupação é insalubre para quem mora e para o meio ambiente”, observou. A superpopulação acarreta problemas como violência, serviços públicos precários de saúde e educação. Mas de acordo com a secretária de planejamento, Estelizabel Bezerra, o maior problema do crescimento de João Pessoa será a mobilidade urbana. Segundo ela, para cada pessoa que nasce, quatro novos carros entram nas vias da cidade.
“João Pessoa é uma cidade muito antiga, com vias vicinais estreitas. Todos nossos corredores principais – Pedro II, Acesso Oeste, Epitácio Pessoa, Dois de Fevereiro, Beira Rio, Tancredo Neves e Cruz das Armas estão cada vez mais ocupados. Não basta apenas alargar vias, porque esse é um problema de modelo de desenvolvimento centrado na solução individual de locomoção. Vemos famílias com dois, três ou mais automóveis na mesma casa”, afirmou.
Para sanar o caos do trânsito já iminente, Estelizabel comenta que o projeto que a Prefeitura procura implementar desde 2005 é levar educação, saúde, lazer e serviços aos bairros. “Assim, os moradores não precisam se deslocar para pagar contas, resolver problemas e até se distrair. Fornecer autonomia para as comunidades é a melhor forma de diminuir o fluxo nas nossas vias”. Ela cita alguns bairros que já podem ser considerados totalmente independentes, como Mangabeira, Torre e Cruz das Armas.
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