27/08/2017 | 14h45min
Aproveitando a passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) à Paraíba, o Brasil 247, um dos portais de notícias mais acessado
do País, fez uma entrevista exclusiva com o governador Ricardo Coutinho
(PSB), que em Em 2016, teve uma atuação firme contra o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Na entrevista publicada pelo Brasil
247 neste domingo (27), Ricardo defende o ex-presidente Lula e diz que a
“ficha caiu” da população brasileira. “A caravana está mostrando que a
ficha caiu. E é por isso que em João Pessoa assistimos, numa noite de
sábado como esta, a mobilização de milhares de pessoas que saíram de
casa no fim de semana para lotar este lugar, um centro de comércio, onde
os edifícios e ruas sempre ficam vazios, no fim de semana. O Brasil se
descobre. Nessa situação a resistência que Lula demonstra é um fator
muito importante”, pontuou o governador paraibano.
Ricardo Coutinho: povo apoia Lula porque a ficha caiu
Minutos antes de tomar a palavra
no comício da noite de sábado (26), que lotou o Ponto dos Cem Réis, no
centro de João Pessoa, o governador Ricardo Coutinho (PSB) deu uma
entrevista ao Brasil 247. Duas vezes prefeito da capital, no segundo
mandato como governador da Paraíba, Coutinho é um personagem estratégico
na resistência.
Em 2016, teve uma atuação firme na
denúncia do golpe sem crime de responsabilidade. Na semana passada, nos
dias anteriores à chegada da caravana de Lula pelo Estado, no sábado, o
governador travou e venceu uma luta política e simbólica para decretar o
fim do racionamento d’água em Campina Grande, segunda maior cidade
paraibana.
Com os reservatórios reforçados
pela chegada das águas trazidas pela transposição do São Francisco,
Coutinho assinou decreto que dava um fim a um transtorno que se tornara
desnecessário na rotina das famílias da região, quando as torneiras
secavam regularmente às terças e quintas.
O problema é que, por decisão de
uma juíza de primeira instância, que alegou que o nível das águas não
permitia a volta à normalidade, a decisão foi revogada. Mas Coutinho
recorreu ao Tribunal, e, com apoio da área técnica, derrubou a decisão
inicial. Ponto para a caravana de Lula que, ao lado de Dilma, foi um
dos responsáveis pela transposição do São Francisco, obra que chegou a
ser cogitada pelo imperador Pedro II e só foi inaugurada em abril de
2017, numa festa que estudiosos da política paraibana definem como a
maior mobilização popular da história do Estado.
Leia abaixo a entrevista concedida por Ricardo ao portal Brasil 247:
A ENTREVISTA
– Existia algum fundamento técnico na decisão judicial que tentava prorrogar o racionamento?
Nenhum. Tudo era um jogo político.
O que se queria era impedir que a população tivesse acesso a um direito
histórico, que é o acesso à agua.
– Mas se alega que o nível de água continua baixo…
– A rigor, nossa decisão foi
prudente. Eu poderia ter encerrado o racionamento há um mês, quando fui
autorizado pela área técnica, pelo DNOCS e pela Agencia Executiva das
Águas do Estado. Mas resolvi aguardar para que houvesse uma nova melhora
e os reservatórios saíssem do volume morto.
– Mesmo assim o nível dos reservatórios se encontra em 8,2%…
– O importante é que o nível da
água está subindo. Hoje está mais baixo do que no início do
racionamento. Mas naquele momento o nível estava caindo. Agora está
subindo. Essa é a diferença.
– A mobilização em torno
da caravana de Lula tornou-se um elemento importante da situação
política do país. Qual o significado disso?
– A caravana está mostrando que a
ficha caiu. E é por isso que em João Pessoa assistimos, numa noite de
sábado como esta, a mobilização de milhares de pessoas que saíram de de
casa no fim de semana para lotar este lugar, um centro de comércio, onde
os edifícios e ruas sempre ficam vazios, no fim de semana. O Brasil se
descobre. Nessa situação a resistência que Lula demonstra é um fator
muito importante.
– Qual a importância de se defender a candidatura de Lula?
– Não se trata de defender uma
candidatura de qualquer maneira. Como o próprio Lula tem dito e
repetido, o problema é anterior e envolve uma questão jurídica. Antes de
saber se ele será candidato ou não, é essencial reconhecer que não há
nenhuma prova para que seja condenado. Este é o mais importante. Seus
direitos estão sendo atingidos e isso é errado com qualquer pessoa,
candidata ou não à presidência da República. Não há uma prova que
poderia levar a uma condenação e impedir Lula gozar da liberdade que é
um direito de qualquer pessoa. A situação seria muito diferente se
surgisse uma prova concreta de responsabilidade num ato criminoso. Não
há.
– Mesmo assim as pressões são grandes. Por que?
– Vivemos uma conjuntura muito
mais complexa do que se poderia imaginar. Há uma desilusão, uma
descrença, que é resultado da criminalização da política. Não estou
falando de investigar e condenar quem pode e deve ser acusado. Mas da
criminalização da própria atividade política. Depois de assistir à queda
de uma presidente eleita, o povo vê que a corrupção não diminuiu
enquanto o desemprego aumentou. Temos hoje em Brasília, governo que não
tem o menor interesse pelas necessidades da maioria. A capital federal,
hoje, é uma cidade onde não há lugar para os trabalhadores, nem para os
indígenas, ou para qualquer outro brasileiro necessitado. Não há
espaço para eles. Apenas para aqueles que querem fazer negócios. É
sintomático que, numa crise como esta que o país está vivendo, seja
possível discutir se é correto ou não cortar 10 reais do salário mínimo.
Paraíba já fonte; http://www.paraiba.com.br/
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