sábado, 26 de março de 2022

Cinco motoristas são presos suspeitos de roubar combustível de ônibus escolares de cidades no RN; prejuízo supera R$ 500 mil

 

Por Sérgio Henrique Santos e Leonardo Erys, Inter TV Cabugi e g1 RN

 


Ônibus escolares faziam retirada de combustível diariamente nas proximidades da Praia do Forte — Foto: Divulgação

Ônibus escolares faziam retirada de combustível diariamente nas proximidades da Praia do Forte — Foto: Divulgação

A Polícia Civil prendeu nesta sexta-feira (25) em Natal cinco motoristas - três deles em flagrante - suspeitos de roubarem combustível dos veículos escolares de cidades do interior do estado para vender o produto.

De acordo com a PC, o prejuízo desse crime, que ocorria há 15 meses, já ultrapassava os R$ 500 mil.

A operação "Sangria" também cumpriu sete mandados de busca e apreensão. Das cinco prisões, quatro foram de mandados expedidos pela Justiça.

A Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) investiga o caso há cerca de um mês. Os policiais realizaram filmagens, em dias e horários distintos, comprovando os furtos dos combustíveis e identificando os autores.

Os motoristas suspeitos de envolvimento eram dos municípios de CanguaretamaNova CruzMontanhasPedro VelhoNísia Floresta e Bom Jesus. Eles levavam alunos dessas cidades para estudarem em Natal todos os dias.

Ônibus escolares foram apreendidos durante investigação — Foto: Divulgação

Ônibus escolares foram apreendidos durante investigação — Foto: Divulgação

As denúncias foram repassadas à polícia pelo Ministério da Justiça.

"Havia um servidor, um motorista de cargo efetivo há mais de 10 anos, e ele estava juntamente com outro indivíduos subtraindo todo dia diesel do ônibus escolar no qual ele tinha responsabilidade de levar os alunos de Canguaretama para Natal. E depois a gente identificou outras cinco cidades", explicou o delegado da Deicor, Erick Gomes.

Segundo o delegado, também havia carros da saúde que tiveram o combustível furtado no mesmo esquema.


Como acontecia o crime

Todos os dias os motoristas saíam das cidades de origens com estudantes para Natal. Após deixarem os estudantes, eles ficavam determinado período com o carro estacionado nas proximidades da Praça Cívica e em seguida iam para um trecho próximo à Praia do Forte e à Ponte Newton Navarro.

Ali, os motoristas entravam com os ônibus escolares em um área de mata, no bairro Brasília Teimosa. O crime acontecia todos os dias, de acordo com a investigação da Polícia Civil.

Nesta sexta, os motoristas de Caguaretama, Montanhas e Nísia Floresta foram presos em flagrante, no próprio local, enquanto roubavam o combustível.

"Apreendemos 100 litros de combustível, diversos galões, e os ônibus. Eles confessaram o crime, os cinco", disse o delegado.

Galões de combustível apreendidos durante operação Sangria em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi

Galões de combustível apreendidos durante operação Sangria em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabug


O combustível retirado era vendido a uma espécie de chefe da organização criminosa.

"Os seis motoristas iam pra esse local público embaixo da Ponte Newton Navarro e lá cometiam esses crimes, retiravam combustíveis e depois passavam para o chefe deles, que vendia de forma ilegal pra outras pessoas e fazia uso próprio, porque ele possui dois ônibus", explicou o delegado.

Crimes

De acordo com o delegado Erick Gomes, os motoristas foram autuados por peculato furto, "quando o agente público ou pessoa que atua como se fosse agente público subtrai algo que ele tenha posse", receptação, associação criminosa e venda ilegal de combustíveis.

"O prejuízo causado, pra ter ideia, foi de mais de meio milhão de reais. É muito grave para prefeituras que já sofrem com parte dos recursos", pontou o delegado.

Ônibus iam para área de mata para realizarem esquema — Foto: Divulgação

Ônibus iam para área de mata para realizarem esquema — Foto: Divulgação


Segundo ele, os motoristas recebiam, em média, de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil por semana.

"A gente vai comunicar às prefeituras, porque elas não tinham ciência até o presente momento da investigação, pra que também tomem as providências cabíveis, que é abrir um processo administrativo e, caso confirmem os crimes, demiti-los".

A investigação continuará sendo tocada pela Deicor.

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