Após um vácuo de três meses sem repasses, o governo federal inicia nesta
semana os pagamentos da nova rodada do auxílio emergencial. Retomado na
fase mais aguda da pandemia, com recordes de mortes e avanço de medidas
restritivas nas cidades, o programa deste ano vai liberar o equivalente
a 15% da assistência de 2020.
Os depósitos aos beneficiários
serão feitos a partir de terça-feira (6) para nascidos em janeiro e
seguirão a ordem das datas de nascimento. Para os recebedores do Bolsa
Família, será mantido o calendário original do programa social, com
pagamentos a partir de 16 de abril.
Uma nova rodada do auxílio
em 2021 não estava no roteiro do governo. O plano inicial da equipe
econômica previa uma redução gradual das parcelas, acompanhando os
sinais de enfraquecimento da pandemia. O programa seria encerrado em
dezembro e interligado a um Bolsa Família reformulado e mais robusto.
Alvo
de veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o novo programa
social acabou na gaveta e 2021 começou sem nenhum tipo de socorro
emergencial aos trabalhadores informais.
A nova rodada só
entrou em negociação após forte avanço da segunda onda da pandemia e
aumento da pressão de parlamentares sobre o governo.
Aprovada
junto com um pacote que define medidas de ajuste fiscal para crises
futuras, a nova assistência terá custo máximo de R$ 44 bilhões. Em 2020,
foram autorizados R$ 322 bilhões para essa finalidade, e R$ 293 bilhões
foram efetivamente gastos.
No ano passado, o programa pagou
cinco parcelas de R$ 600 e mais quatro de R$ 300 —mulheres chefes de
família recebiam em dobro.
O governo gastou em média R$ 46,9
bilhões por mês na primeira fase do programa em 2020. Quando a parcela
caiu para R$ 300, o custo mensal foi para R$ 15,9 bilhões. A nova rodada
tem custo estimado em R$ 11 bilhões por mês.
O programa
encolheu. Tem orçamento, público e valor menores. Serão quatro parcelas
que variam a depender da formação familiar. O benefício padrão será de
R$ 250. Pessoas que vivem sozinhas receberão R$ 150 por mês —limitação
que não existia em 2020.
Para mulheres chefes de família, o valor será de R$ 375 —50% mais alto do que o benefício básico.
Em
abril 2020, o programa foi iniciado com cerca de 68 milhões de pessoas
elegíveis. Na etapa com pagamentos de R$ 300, a partir de setembro, o
público médio ficou em 51 milhões de pessoas. Agora, o governo espera
atender até 45,6 milhões de pessoas.
Outros critérios também
ficaram mais restritos. Enquanto o auxílio de 2020 foi pago a até dois
membros de cada família, a regra foi limitada neste ano a uma pessoa por
lar.
Para receber o benefício, não é necessário fazer nenhum
tipo de pedido ou cadastro nos sistemas do governo. Os repasses levarão
em conta o cadastro de beneficiários que foram atendidos em dezembro do
ano passado. Isso significa que pessoas que caíram em situação de
vulnerabilidade neste ano não terão direito a receber o auxílio.
O
encolhimento da assistência, criada para socorrer camadas vulneráveis
da população durante a crise sanitária, não acompanhou diretamente os
movimentos da pandemia.
Quando foram iniciados os pagamentos em
abril, os registros de mortes por Covid-19 ficavam, em geral, abaixo de
300 por dia. A renovação das parcelas de R$ 600 começou a ser paga
quando a média móvel de óbitos diários estava em 971.
Em
setembro, mês que o valor da parcela caiu pela metade, a média diária de
mortes estava ligeiramente mais baixa, em 859. Agora, a nova rodada,
ainda mais enxuta, começará a ser paga no momento que o país ultrapassou
média diária de 3.000 mortos por dia.
Dados do Ministério da
Cidadania mostram que o auxílio emergencial de 2020 beneficiou cerca de
38 milhões de mulheres e 30 milhões de homens.
No recorte por
idade, aproximadamente 30 milhões de beneficiários tinham até 34 anos.
Outros 23 milhões tinham idade entre 35 e 49 anos. Foram 15 milhões de
pessoas com mais de 50 anos.
A pasta informou que o detalhamento do público atendido pelo programa de 2021 ainda está em elaboração.
O
novo programa tem parcelas mais próximas aos valores pagos pelo Bolsa
Família. O programa social permanente tem benefício médio de R$ 190.
Desde
a primeira elaboração do auxílio, no ano passado, a equipe econômica
defendia que os repasses fossem em valores semelhantes aos do Bolsa
Família. A versão original do auxílio, apresentada em março de 2020 pelo
Ministério da Economia, previa parcelas de R$ 200.
Por pressão
do Congresso, que considerava o valor insuficiente, a proposta inicial
foi ampliada para R$ 500 e, depois, Bolsonaro autorizou o valor de R$
600.
A lei que define o auxílio de 2021 estabeleceu que as
quatro parcelas poderão ser prorrogadas, desde que haja espaço no
Orçamento. A equipe econômica não trabalha com esse cenário no momento.
Em
preparação para o fim da assistência, o time de Guedes pretende
insistir na reformulação do Bolsa Família. O plano é vencer resistências
de Bolsonaro e unificar ações existentes hoje em um programa novo, com
parcelas mas altas e público maior.
Um dos pontos defendidos
por Guedes é a fusão do abono salarial, uma espécie de 14º pago a
trabalhadores formais com remuneração de até dois salários mínimos. No
ano passado, o presidente vetou a proposta e disse que não aceita tirar
de pobres para dar a paupérrimos.
FOLHAPRESS
segunda-feira, 5 de abril de 2021
Auxílio emergencial menor começa a ser pago em meio à piora da pandemia
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